Chegada e partida

Aquela pequena menina das alianças,
cresceu, é agora feita mulher.
O tempo faz isso ás crianças
há quem lhe chame envelhecer.
Envelhece o corpo, cresce a alma.
Aumenta a distancia a percorrer,
mas não diminui o sentimento
que nos faz querer crer
que a distância traz a saudade que ficou
e o reencontro é banhado a emoção.
O laço permanece apertado, não desatou
está longe da vista, tão perto do coração.
Que em dia de festa o animo é sempre maior...
Maior que tudo, maior que as palavras,
maior que o céu, maior que as estradas
que nos distanciam, que nos separam
e que nos unem naquele abraço...
Fica na lembrança a imensidão
do tempo que nos une e parece escasso,
mas com certeza preenche o coração.
E no fim, apenas não existe fim!
É apenas um até logo, até breve, até já.
Enfim... Enfim... Enfim... Nesse fim
cai-se no abraço de quem fica cá
o cais da chegada é o mesmo da partida
e à partida fica a saudade devolvida
áquela distancia que não foi capaz
de fazer esquecer o que é para recordar.
A distância que nunca será capaz
de realmente de nos separar.

Ser feliz...
Quem não o quer ser!?
Felicidade de um sorriso
que damos e nos devolvem.
Felicidade de um abraço
dos braços que nos envolvem.
Felicidade de um terno beijo
dos lábios que acariciam o rosto.
Felicidade da paixão, do desejo,
um verdadeiro fogo posto
que incendeia o coração.
Ser feliz, queres ser feliz?
Não te enganes ao dizer que não.
Ser feliz, eu também quero ser feliz...
Vou em busca do sorriso,
procura também o tal beijo
ou um pequeno abraço
que me mate este desejo
de querer ser feliz...

Chamas ao vento...
Guardo cada breve momento
que consegui ser feliz.
É sempre bom recordar,
mas uma coisa a vida me diz:
Tenho de continuar a procurar
e acreditar que posso ser.
É algo que podes fazer...
Acreditar!

Sabes o que procuro?
O calor de dividir a soma que a vida dá.
A felicidade de um sorriso que fui eu que o pus lá,
a ternura de um beijo para aconchegar,
a grandeza de um abraço para dar...
Sabes quem eu procuro?
Alguém que dívida comigo o tal calor
e que em sua face o sorriso seja esplendor,
com os tais lábios que anseio beijar
e meus braços se abrem para te abraçar.
- Continua a procurar!
Continuo a me iludir, continuo a me enganar
é sempre na porta errada que me vou esbarrar...
Mas continuo a procurar...
Sabes o que procuro?

Crônicas de um sonho do qual não quero acordar,
o tempo que passou não chegou a levar
o meu sorriso, mas acordar eu preciso
pra não me enganar, será uma a conclusão:
-Tempo e espaço errado para sonhar
mesmo pra quem não tem nada a perder...
Diz-me lá tu quem sou eu e que ando aqui a fazer
e quem és tu para o fazer...
Que sinceramente sinto-me a perder
outra vez meu norte.
No qual sabia eu a minha sorte
e não precisava de a perceber.
Mas agora não, agora é diferente
acendeu-se no coração algo deveras inconsciente...
Crônicas de um sonho do qual tenho que acordar
que fosse com o teu sorriso
seria bem melhor meu despertar.
Mas acordem-me não vá outra vez meu coração parar...

A imaginação

Que suspense, que produção
vai nos estudios da tua imaginação.
Já te passou na ideia ser realizador,
mas a unica realização que concretizaste
foi a longa metragem da tua dor.
Personagem modelável
incorpora todo o sentimento
escolhe o grau de lamentável
consoante a situação.
Imaginação fértil
numa sementeira de monocultura
que espele a clareza débil
com uma estufa escura,
e cresce, cresce sem saber parar.
Quando vai ver os sonhos realizados
não os consegue encontrar.
A imaginação está com dores de cabeça
por não conseguir a ultima fala
de sua personagem principal.
Pode ser que se esqueça
da personagem que não se cala
e que se acha primordial.
A tua imaginação que mude de conduta
e te deixe ir á luta!

O corpo

Esse teu corpo,que não passa de um acessório
para tua alma se disfarçar,
pinta-se de um breu notório
ao qual não consegues escapar.
prevertida ideia desse corpo
quando menino feito
já se julgava morto,
ainda que á pouco saído do seu leito materno.
Isso tem algum jeito!
O que está feito, está feito,
não tem volta nem recuar
o que não nos agrada
aprende-se a gostar.
Há que tentar, tapa o nariz
e engole esse sapo.
Não sou eu que o diz,
és tu quem o pensa
nesse teu corpo acessório.

Introdução

Verdes campos, passarinhos a cantar
um mundo onde tens paz e harmonia
e a tua profissão é o ser.
O não ser há muito que imperou,
num mundo que já conheceste,
porque talvez o esqueceste
ou o queres esquecer.
A luta, essa não te diz nada
teu corpo flutua na corrente,
tua alma está noutra demanda.
Inolvidável demanda que te corre n'alma
incansável que até perde a calma
e quando chora nenhuma lágrima rola
na hora que o corpo decide chorar.
A tua felicidade passa pelo ser,
e o não ser, serás!
Por mais que lutes nunca serás!
Mas o problema não tem aí suas iniciais
acho que sofres de grandes problemas...
Existênciais!